Hopi Hari é vendido por valor simbólico
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O parque de diversões Hopi Hari tem, oficialmente, novos donos. Acionistas da consultoria Íntegra Associados, reunidos na empresa HH II PT S/A, concluíram a compra do parque, que tem uma dívida de pelo menos R$ 500 milhões, pelo valor simbólico de R$ 0,01 o lote de 100 mil ações. Isso significa que a Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal), por exemplo, recebeu apenas R$ 6,36 pela sua participação de 10,91% das ações ordinárias da empresa. Em 2007, o fundo havia pago R$ 12,4 milhões por essas ações. Os novos donos passam a ser responsáveis pela dívida do parque, cujo maior credor é o BNDES.
Além da Funcef, outros fundos de pensão de estatais tinham uma participação relevante no Hopi Hari. O Petros, da Petrobrás, tinha uma fatia de 9,88%. A Previ, do Banco do Brasil, 10%. O maior acionista do parque, no entanto, era o fundo GPCPII, da GP Investimentos, com 44,5%. Petros, Previ e GP não quiseram se pronunciar sobre a negociação. A Íntegra, consultoria especializada na reestruturação de empresas em dificuldades financeiras, comunicou-se apenas por meio de nota. Não ficou esclarecida, portanto, como será equacionada a questão da dívida da empresa. Os novos donos vão investir na empresa R$ 10 milhões.
"Como a empresa estava muito endividada e a estrutura de capital dela era inadequada, pois fizemos diversas reestruturação que não surtiram o efeito desejado, chegamos à conclusão de que mais valia vender a um preço simbólico e se livrar de eventuais problemas futuros do que continuar carregando todos os riscos que um empreendimento não bem sucedido pode causar futuramente", disse o analista de participações societárias da Funcef, Rafael Prado. Segundo ele, para a contabilidade da Funcef, o valor do Hopi Hari virou zero.
O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, contou que o parque quase foi vendido para um grupo espanhol, mas a crise "atropelou o fechamento do negócio". Uma fonte que participou das negociações, disse que a venda para o grupo espanhol levou mais tempo que o desejado porque um dos acionistas do bloco de controle, o fundo de pensão dos funcionários do antigo Banco Nacional de Habitação (Prevhab), queria permanecer no empreendimento.
"Mas, para todos os outros sócios, foi um grande alívio. O ativo foi vendido por um valor simbólico, mas foi melhor assim. Foi a maneira encontrada para estancar os prejuízos que se arrastavam há anos", afirma o interlocutor. Ele acrescenta que o investimento em parque de diversões é algo que não quer ser mais cogitado pela maior parte dos antigos acionistas do Hopi Hari. "No Brasil, não dá certo."
Além de acionistas, os três fundos de pensão estatais também tinham papéis de dívida (debêntures) do Hopi Hari. Portanto, ainda terão um crédito a receber quando resgatarem os papéis. No caso da Funcef, o valor será de R$ 1,9 milhão. Quando comprou a participação no Hopi Hari, o valor das debêntures da Funcef era de R$ 12,5 milhões. Prado conta que, como não havia expectativa de o fundo de pensão receber algum crédito, tanto como acionista quanto como debenturista, foi realizada essa renegociação do valor das debêntures.
Os acionistas da Íntegra compraram 99,74% das ações ordinárias e 87,98% dos papéis preferenciais, totalizando 99,23% do capital social do Hopi Hari. A consultoria já havia firmado, em fevereiro, uma carta de intenções para a aquisição do parque. Naquela época, previa-se que o acordo só seria fechado após renegociação da dívida com os credores.
"A partir de agora, com a capacidade de investimento renovada, novos desafios de crescimento virão, gerando benefícios para o setor e novidades para nosso público", afirmou, em nota, o presidente do Hopi Hari, Armando Pereira Filho. Segundo o executivo, houve um acordo que equacionou a dívida do parque e que prevê novos investimentos. Ainda na nota, o Hopi Hari informa que a atual gestão será mantida.
Fonte: Estadão